Os meus agradecimentos ao meu amigo Tó por me ter convidado a contribuir para o "Encontrar Portugal".
Permitam-me principiar por explicar o tema deste artigo. Há pouco tempo, fiz uma descoberta incrível. Um universo que poderia ser classificado como uma dimensão paralela se esse apartamento relativamente à quotaneidade mundana não pudesse fazer levantar a suspeita de prodígios menos milagrosos. Estou a falar de filmes indianos de porrada. Imediatamente, comecei a venerar como o meu novo herói o mítico Rajini Kanth, figura que coloco na minha escala pessoal de ídolos logo acima de Zézé Camarinha e abaixo unicamente de Chuck Norris. E, tal como o Rajini, as outras grandes estrelas do cinema de acção indiano, que, ainda que, para mim, não possam ser equiparadas a Rajini, são perfeitamente capazes de capturar um rinoceronte com as mãos desarmadas e fazer dele um guisado. Ou seja, decidi abordar este artigo de forma oposta à proposta pela frase "Ir para fora cá dentro". O meu artigo tem a ver com "Encontrar Portugal lá fora". Na impossibilidade humana de nos encararmos de frente, é só olhando para fora que nos podemos tentar ver. Quando éramos crianças, ríamos com as imagens da Casa dos Espelhos, que nos devolvem um nosso reflexo em que estamos muito gordos, ou muito magros, ou muito esticados, ou muito encolhidos. Depois, aprendemos que mesmo o espelho lá de casa nos mostra a nossa imagem invertida e, portanto, que deviamos parar de rir. Porque o facto é que somos muito gordos, e muito magros, e esticados, e encolhidos, só não sabemos isso porque estamos habituados a ver a nossa imagem apenas invertida. E tenho a sensação nítida que, quando o grande Rajini Kanth sorri para a câmera, está a sorrir para mim e para as pessoas que conheço todos os dias. Porque, quando vejo os filmes do Rajini Kanth, e depois ouço falar de um país onde os "Malucos do Riso" são um sucesso de audiências e são considerados a maior jóia da coroa da comédia nacional tenho que chegar à conclusão que estamos a falar do mesmo sítio, certo? Certíssimo. Vieram ambos exactamente do mesmo sítio. Deixo, abaixo, uma selecção de alguns dos melhores momentos de acção do cinema indiano.
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Hermano Moura